Confesso
que tenho dificuldade em aceitar qualquer tipo de fatalismo, pois
acredito no Homem que faz escolhas conscientes.
Mas
a “Política” não se coaduna com aqueles que dela se servem
exclusivamente em proveito próprio, movidos por propósitos fúteis,
e que em nada dignificam a “Política”, antes a desacreditam
perante as pessoas. Esses são os parasitas políticos, os micróbios
do sistema, a razão do coma da “Política” lusa.
É
um cliché afirmar que “os políticos não são todos os
iguais”, e não. Mas estas maçãs podres do sistema,
acompanhadas de uma retórica contagiante, de uma demagogia, e um
populismo de “fazer chorar as pedras da calçada”, estão
a corroer o sistema de tal modo, que se torna difícil distinguir
o bom do mau. A culpa é nossa. A culpa é nossa
porque em Democracia a escolha é nossa. Fomos nós que permitimos
este estado de coisas. Contudo, há sempre tempo para mudar este
paradigma, afinal não há fatalismo que vença a vontade humana.
Durante
38 anos, a “Política” portuguesa conviveu lado a lado com
políticos, que numa ânsia e numa obsessão, muito para lá de
maquiavélica, tudo fizeram para a manutenção do poder. E nós, não
dissemos basta; optámos antes, por (con)viver com este mundo
escorregadio de uma imoralidade assustadora.
Há
quem diga que “o poder corrompe”. Ora, o primeiro passo
para combater e contrariar isso é, ter consciência disso, e
rejeitar qualquer fatalismo a esse respeito.
É
urgente mudar o papel do partidos políticos na nossa Política,
mudar o sistema eleitoral: acabar com o monopólio dos partidos sobre
a composição das listas eleitorais e entregar essa tarefa ao
eleitores, isto é, permitir que qualquer cidadão no exercício de
direitos políticos se apresentasse a eleições sem precisar de
estar incluído numa lista de um qualquer partido, cabendo depois ao
povo decidir que deputado, ou deputados, escolher. Dessa forma
dava-se uma machadada forte nesse fenómeno socialmente corrosivo do
clientelismo partidário, abrindo-se a porta a uma relação mais
próxima e imediata entre o povo soberano e os seus representantes,
os deputados...
Mas para mudar apenas isto (e não seria pouca coisa!), seria preciso uma grande vontade política: afinal de contas, desde o 25 de Abril para cá o país viciou-se neste jogo e aprendeu a viver com ele. Haverá seguramente gente interessada na manutenção do "status quo", que prontamente se oporá e levantará todos os obstáculos a quem se atrever a por em causa todo o "sistema".
Mas para mudar apenas isto (e não seria pouca coisa!), seria preciso uma grande vontade política: afinal de contas, desde o 25 de Abril para cá o país viciou-se neste jogo e aprendeu a viver com ele. Haverá seguramente gente interessada na manutenção do "status quo", que prontamente se oporá e levantará todos os obstáculos a quem se atrever a por em causa todo o "sistema".
Temos
o exemplo macro da relação entre o governo e alguns grupos
empresariais até aos municípios e freguesias.
Até
no ponto mais pequeno do universo de poder, como são os
municípios/juntas, é inevitável a questão de municípios de
Esquerda se apoderarem de todas as associações que "apanha à
mão" e mesmo daquelas que na sua rebeldia teimam em não ceder
à sua fome associativista, recorrendo ao bombardeamento para que,
rendidas, possam sucumbir aos braços do polvo, uma enorme
preocupação em que as Associações sejam dirigidas pelos seus
Comissários e estejam por isso a seu lado na intensa luta de filiar
e manter pessoas no dito partido. Para tal tudo vale, sendo prática
comum asfixiar as Associações cuja direcção não é comunista,
pela redução abrupta ou corte total dos fundos que lhes são
destinados. Aparece depois o PCP como o "salvador da pátria"
quando a direcção demissionária sai de cena e entra uma nova com
"sangue bem vermelho". Os fundos voltam imediatamente, a
Associação consegue pagar as suas dívidas, consegue manter as
contas em ordem e "voilá"! Milagre... salvou-se uma
Associação!
A
democracia directa é a nova exigência da dignidade humana. Para
corrigir os abusos dos eleitos no quadro obsoleto da democracia
representativa, os cidadãos têm de recuperar o poder de
sufrágio real e a soberania política, usurpada pelos directórios
partidários nacionais e locais e sujeita a fidelidades secretas. A
dignidade humana exige a intervenção dos cidadãos na escolha livre
dos eleitos, a sua consulta nas grandes decisões do Estado, a
transparência e a prestação de contas pelos dirigentes e regras
efectivas de controlo dos mandatos.
A
comédia trágica das decisões dos dirigentes políticos já deixou
de provocar o riso do povo para só lhe causar desdém e
repulsa. Os pactos de regime são percebidos pelo público como a
essência da conservação da ruína do sistema. O Estado/Município,
deixou de ser uma pessoa de bem. Discutem comissões, atribuem
tachos, combinam abusos, comercializam favores, decidem manchetes,
orquestram campanhas, arquivam processos, perseguem cidadãos.
O
único processo de mudar o sistema é expor a corrupção. Como a
corrupção domina os aparelhos partidários, instâncias de poder do
Estado e grupos de pressão, e o sistema mediático tradicional está
quase todo controlado, de forma directa e indirecta, pelos políticos,
só a cassação pública dos corruptos, através da evidência dos
seus crimes, pode reformar o sistema.
Pois, a demissão do dever de mudar provoca um sofrimento e atraso intolerável à sociedade.
A ânsia popular de democraticidade decorre da lenta emancipação do povo. Há uma consciencialização lenta que demorou e que finalmente se consolida. A emancipação política é um produto das condições de aumento e alargamento da instrução. O povo quer participar da política, nas decisões e no exercício político. Entende que apolítica é uma actividade demasiado importante para ser deixada apenas aos políticos. Não é mais possível a manutenção da realpolitik de cariz ditatorial, descontrolada, cínica, alheia à informação e opinião do povo.
Pois, a demissão do dever de mudar provoca um sofrimento e atraso intolerável à sociedade.
A ânsia popular de democraticidade decorre da lenta emancipação do povo. Há uma consciencialização lenta que demorou e que finalmente se consolida. A emancipação política é um produto das condições de aumento e alargamento da instrução. O povo quer participar da política, nas decisões e no exercício político. Entende que apolítica é uma actividade demasiado importante para ser deixada apenas aos políticos. Não é mais possível a manutenção da realpolitik de cariz ditatorial, descontrolada, cínica, alheia à informação e opinião do povo.
No
entanto, só é possível recuperar a democracia (o poder do povo),
usurpada pelos representantes, com a denúncia desses níveis
intermédios anti-democráticos que administram o controlo e filtram
a informação. Não é possível a mudança de protagonistas neste
sistema político blindado. A esmagadora maioria dos homens e
mulheres do aparelho, autores, cúmplices e servos da corrupção
moral, não aceitam a reforma que os eliminaria do poder.
O povo quer ter uma participação maior nas decisões do Estado, do município, das Juntas, etc; e reclama o respeito da sua vontade, não se conformando com a velha soberania dos mandatos durante o longo prazo da legislatura. Não é já suficiente confiar o Governo ou um município a um partido para quatro anos, com liberdade plena para tomar decisões contra a vontade do povo.
O caminho da valorização da dignidade humana, condição pessoal e social do indivíduo, conduz à democracia directa, convocada pela evolução tecnológica e pela vontade popular de democracia real. Não é uma tarefa para um partido, mas para um movimento alargado da sociedade civil que promova a reforma do sistema político e crie uma meta-paradigma de mudança no qual se reconcilie o povo com o Estado e se renove a esperança.