SESSÃO
SOLENE COMEMORATIVA DO 40º ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO DE 25 DE ABRIL DE 1974
Exmo Senhor Presidente da Assembleia
Municipal,
Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal de
Alcochete
Exmas e Exmos Senhores Vereadores
Exmas e Exmos Senhores Deputados Municipais
Exmos Senhores Presidentes de Juntas de
Freguesia e restantes autarcas
Caros Convidados
Minhas Senhoras e meus Senhores
É num contexto social, económico e financeiro
marcante e decisivo para o país que assinalamos o 40º aniversário do 25 de Abril
de 1974, recordando esta data histórica por dever cívico, por ter sido derrubado
um regime ditatorial, com a consequente restauração dos direitos, liberdades e
garantias de todos os cidadãos, e não um “regime fascista”, como por vezes é referido,
de modo pouco preciso e rigoroso, e mesmo demagógico.
Se é certo que a revolução nasceu de um
descontentamento profundo, generalizado e transversal a toda a sociedade, é
igualmente certo que no período imediatamente posterior surgiram dúvidas e
divisões, tendo-se assistido a diversos excessos, somente travados pelo 25 de
Novembro de 1975, que a consolidou e que impediu que Portugal resvalasse numa
deriva totalitária, de sinal completamente oposto ao do regime que acabava de
ser deposto.
Dos excessos cometidos, é impossível não
destacar, pelas consequências nefastas que daí advieram, a desnecessária divisão
social e irresponsabilidade económica, que atrasaram por vários anos o processo
de verdadeira abertura, modernização e democratização do nosso Pais.
Porém, e 4 décadas depois, cumpre-nos assinalar,
isso sim, a vida em Liberdade e Democracia, bens complexos, mas absolutos e dos
quais não queremos abrir mão.
Esta liberdade, de que somos depositários, e
que corresponde a um valor supremo, mas dinâmico e permanente, não serve,
contudo, para ser usufruída apenas por aqueles que fizeram o 25 de Abril, mas
por todos os portugueses, quer os que dela foram contemporâneos, quer os que a
ela lhe sucederam e ainda os que sucederão.
Deve cada geração fazer uso desta liberdade,
conquistada há 40 anos, mas que deverá responder ao seu tempo, sem dogmas e
preconceitos do passado que muitos insistem em manter presentes.
Temos já, desde o 25 de Abril, quase tanto
tempo de Democracia como tivemos de Ditadura, e vivemos num país e num mundo seguramente
diferente do dos anos 70, e isto porque a Esquerda e a Direita de 2014 não
podem pensar como pensavam há 40 anos atrás, não sendo legítimo nem tão pouco
sério aderir e preconizar os termos e temas da discussão política de então,
pois a liberdade, por natureza e por definição, não tem proprietários, e a
Democracia, por razão de ser, não é propriedade nem da Esquerda nem da Direita.
O 25 de Abril tem protagonistas, mas não tem
proprietários, e as memórias que dele resultam não devem ser manipuladas.
Fez-se para todos e não para o pensamento único.
Quem desilude e ofende, na discussão política
e na crítica às opções do presente, usando a liberdade que lhe foi legada,
desrespeita este mesmo direito, que é seu e de todos, diminuindo desta forma o
alcance da sua própria conquista, evidenciando uma soberba intelectual,
cultural e geracional que é, ela sim, a negação da liberdade alcançada com a Democracia.
Quem legitima a nossa presença aqui, hoje, é
o Povo português, soberano na sua escolha, e não uma associação ou um político
em especial, pois tal como há 40 anos trás, também hoje vivemos tempos de
mudança, que devem ser de convergência e de consensos. Os nossos adversários
não estão na Esquerda nem na Direita, mas nos factores que nos conduziram e nos
mantêm em crise.
É tempo de continuar a encontrar soluções, de
transmitir esperança, de criar mais oportunidades, de fazer um balanço das
ideias dos últimos 40 anos, o que não significa querer voltar ao passado, mas
sim, querer responder ao presente e prosseguir na construção do futuro.
Vivemos num país em que, e pese embora a
presença de sinais de recuperação, a iniciativa económica e o emprego estão
ainda em crise, e o Estado, sob ajuda financeira externa, com a consequente
diminuição da soberania das nossas instituições, portanto, da nossa liberdade
enquanto nação independente, carece, ainda de reorganização, bem como uma mais
eficiente hierarquização das suas prioridades e a sua relação com a sociedade.
Este período de emergência deverá servir para
dotarmos Portugal de um Estado mais eficaz, com maior justiça, menos refém dos
interesses de grupos específicos, que deve direccionar o seu foco para o
eficiente funcionamento da economia, mais do que para a sua condução, bem servindo
um país mais empenhado em produzir riqueza, controlando de forma eficiente os
seus gastos.
Vivemos um período em que os portugueses atravessam
grandes dificuldades, que não podemos ignorar e disfarçar, e que temos de
assumir como sendo de todos nós.
Somos e sempre fomos um povo que encara olhos
nos olhos a adversidade, e que sempre encontrou oportunidades em tempos
adversos utilizando essas mesmas condições para liderar mudanças no exterior,
que se fundou como nação e que traçou novos rumos.
Está agora na hora de nos reencontrarmos com
esta nossa capacidade histórica de nos relacionarmos uns com os outros, que nos
é tão intrínseca, para juntos ultrapassar dificuldades que nos constrangem de
modo comum e de assumir a nossa posição privilegiada de interlocutores de
povos, porque a história destes 40 anos serviu igualmente para demonstrar como
fomos capazes de dissipar os preconceitos mútuos que há 4 décadas nos pareciam
inultrapassáveis, depois do sempre complexo e difícil processo de independência
e descolonização.
Entre Portugal e os países que antes foram
suas colónias, não há, actualmente, qualquer outro tipo de relação que não seja
a estabelecida entre nações soberanas e independentes, assim como inexistem impedimentos
de qualquer ordem, sejam políticos, ideológicos ou psicológicos ao reconhecimento
de uma história conjunta e uma memória partilhada.
Os desafios de Portugal serão sempre
suportados por todos, conscientes da sua exigência e que o esforço a fazer é pedido
a todos, na certeza que as vantagens serão também repartidas por todos. Assim
cada um saiba como contribuir para enfrentar os obstáculos que nos se deparam. Urge,
desta forma, continuar a convocar e mobilizar os portugueses para um projecto
comum, tirando o maior partido das nossas particularidades, sem esquecer que
fazemos parte de um mundo global.
Portugal tem de se fazer representar naquilo
que tem de melhor, valorizando o seu ADN, conservando a sua identidade, sem
deixar de criar uma marca externa de dinamismo, impondo-se como um país de
gente empreendedora, sem medo de falhar, sem complexos de qualquer ordem, com
os olhos postos no futuro, no esforço, no rigor e no trabalho, pois a nossa
solidariedade sempre uniu, a nossa coragem sempre nos incitou, a nossa índole
fará com que Portugal se renove.
Viva a Democracia!
Viva Alcochete!
Viva Portugal!
Alcochete, 25 de Abril de 2014
Bancada
do CDS-PP
Patrícia Pinto
Figueira
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