Mais uma vez vai
o povo português eleger os seus representantes através de Eleições Legislativas
a realizar em 2015.
Estas eleições
revestem-se de especial importância não só pelo facto de serem as primeiras
após um período de três anos de resgate financeiro a que Portugal esteve
sujeito e consequente perda de soberania cujas consequências se fazem ainda
sentir de forma violenta no dia-a-dia das famílias portuguesas e que se
perdurarão por muitos e bons anos.
Para além desta
importância revestem-se ainda de especial valor para os portugueses porquanto
se decidirá quem, a partir da libertação do país da troika e readquirida a
capacidade de decisão e gestão, tem o dever e a obrigação de conduzir os
destinos do País de forma séria, honesta e responsável, garantindo o
cumprimento dos compromissos assumidos por um País outrora resgatado e
garantindo também que uma situação de tão forte embaraço e vergonha Nacionais
não volte a ocorrer e, tudo isto envolto num clima de esperança e fé no futuro.
É nesta
conjuntura, por um lado, com um passado recente repleto de sacrifícios cuja
governação foi conduzida sob a batuta de organizações estrangeiras e por outro,
de fé e esperança no futuro que o CDS-PP tem que afirmar o seu posicionamento politico e de forma clara apresentar
um projecto para Portugal.
Aliás seria de
todo incompreensível que, depois da demonstração de Grande Patriotismo, sentido
de Estado e coragem evidenciados pelo partido ao disponibilizar-se com todas as
suas energias e competências para devolver ao País a sua dignidade e autonomia,
vivendo com uma herança para a qual nada tinha contribuído, tendo desenvolvido
um amplo e reconhecido trabalho através dos seus Ministros e Secretários de
Estado, agora não fosse capaz de apresentar aos portugueses um projecto
credível de crescimento e inequívoca melhoria das condições de vida dos
portugueses.
É chegada a hora
de, sem receios e de forma inequívoca, o CDS-PP lutar e conquistar o seu espaço
politico que, desde a sua fundação ainda hoje não foi capaz de ocupar
limitando-se a “vaguear” num espaço ideologicamente pouco claro e que em quase
nada se diferencia dos sociais-democratas que por sua vez se misturam com os
socialistas que, pese embora pensem à esquerda, quando governam, o fazem ao
centro.
O CDS vive desde
a sua fundação, talvez pela forma tardia como ocorreu, o que aliás viria a
proporcionar desde logo ao PPD a ocupação de espaço politico à direita, bem
como o facto de a mesma resultar da insistência de elementos das Forças Armadas,
uma dificuldade em conseguir afirmar-se como partido de direita e fazer chegar
aos portugueses a sua mensagem ideológica.
O facto de se
auto-afirmar como “partido centrista” e com o objectivo inequívoco de
contribuir para uma sociedade mais justa onde não houvessem discriminações nem
privilégios, já na altura o levou a ser considerado por parte do PPD como um
partido cuja utilidade seria apenas a de cobrir o seu flanco mais à direita.
Mais tarde em
1978 formando um Governo com o PS viu o CDS aumentar, é um facto, a sua
respeitabilidade e credibilidade como partido de governação mas pagou o preço
da instabilidade e apreensão que tal facto causou nas suas bases e até mesmo o
afastamento por parte de confederações de agricultores e industriais.
Viu ainda o CDS,
mais tarde e no tempo da AD (1979-1983) a sua capacidade de afirmação mais uma
vez reduzida e comprimida pelo facto de, desta vez se ver confrontado também
com o papel do PPM na referida aliança.
Mesmo assim, o
CDS não foi capaz de, mais tarde, capitalizar esta experiência, recuperando a
sua posição nem mesmo quando o PSD vivia um período de maior afinidade politica
com o PS.
Passou ainda o
Partido pela alteração de denominação (CDS-PP) num desejo e ambição de
renovação e mudança tendo mesmo para isso elaborado um novo programa, programa
esse que visava garantir a ocupação do espaço político do centro para a
direita. Um programa que entre outras coisas defendia a diminuição da
intervenção do Estado a favor da iniciativa privada e levava o CDS-PP a afirmar-se
como partido naturalmente ecológico e dos agricultores.
Não foi ainda
esta afirmação populista consubstanciada em campanhas também elas populistas e
ataques ao “laranjismo” da altura e que abrigava (já na época era assim) os
novos-ricos e oportunistas quer da nossa classe civil quer partidária, que
permitiu ao CDS-PP conquistar o seu lugar na sociedade portuguesa.
Assim tem sido a
história do CDS-PP, com algumas vitórias eleitorais, que o levaram mesmo a
ocupar lugares na governação de Portugal mas sempre em coligação, ora com
sucessos ora com insucessos eleitorais e com consequentes mudanças na sua
liderança mas sempre com a incapacidade de, definitivamente se afirmar como partido de Direita e de
Governo, e que nos leva até aos tempos mais recentes e que actualmente vivemos.
São estes tempos
recentes que mais uma vez chamaram o CDS-PP à governação e em coligação, desta
feita para, como é sobejamente conhecido, lidar com uma situação de falência
económica do País e de resgate.
Como já foi
dito, o sentido patriótico esteve e está vincadamente presente na situação de
crise que atravessámos mas no entanto, será tal facto suficiente para o CDS-PP
em definitivo ocupar a posição que entendemos ser sua por direito e de
afirmação da sua personalidade politica?
Não cremos que
assim seja, não vemos suficiente e justamente valorizado o trabalho que nos
últimos três anos tem vindo a ser desenvolvido pelos nossos membros do Governo,
situação que em paralelo deveria permitir a afirmação dos valores do Partido, sejam eles políticos, éticos,
sociais ou económicos.
Assistiu-se sim
a uma timidez e quase que uma subjugação do CDS-PP ao seu parceiro de coligação
que parece apostado, seguindo aqui aquilo que tem feito ao longo da história,
em desvalorizar ou encobrir aquele que realmente tem sido o valor do empenho e
trabalho demonstrado pelo CDS-PP neste Governo.
Basta talvez
recuar um pouco no tempo e observarmos a forma como foi conduzida a campanha
eleitoral das últimas eleições europeias para vermos a quase tábua rasa que foi
feita desse trabalho e a forma como tudo foi conduzido em torno do PSD ou em
alternativa em ataques ao PS.
Podemos ainda
pensar nos diversos desentendimentos dentro do governo e respectivos partidos a
propósito de questões que nos são tão caras como as de carácter social ou
económico e que levaram sempre a cedências por parte do Partido e à tomada de
medidas erradas ou tímidas e cuja responsabilidade, essa sim é repartida de
forma equitativa entre os dois partidos da coligação e isto para não falarmos daquela
que foi para nós a grande vergonha de ver chamar a si pelo PSD a bandeira da
natalidade.
A par destas
situações “curiosas” ou até mesmo “caricatas” há que mais uma vez enaltecer não
só o sucesso obtido pelos nossos governantes, alcançado sobre alicerces muito
fortes de boa gestão e transparência.
É nesta forma de
estar e fazer politica que nos revemos e não naquela que, uma boa parte da
nossa classe politica opt a por
seguir numa clara satisfação e defesa de interesses de grupos cujos valores se
assim se podem chamar em nada servem Portugal ou se enquadram Naqueles que são
os do CDS-PP.
Queremos um partido sólido, de
personalidade vincada, um partido que faça da coragem o seu mote principal para
defender os seus valores, um partido que não viva na sombra de outros partidos,
um partido que valorize o seu trabalho e dos seus membros e que disso dê conta
ao País e aos Portugueses, por fim um partido que não tenha medo nem receio de
se apresentar a eleições sem ser coligado, com a capacidade e humildade de
aceitar os resultados das escolhas do Povo Português e daí saber tirar, mas só
daí, as conclusões necessárias e se for caso disso, responder de forma positiva
ao apelo que lhe tiver sido dirigido.
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