Obrigatório PENSAR

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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A demagogia tem sentença anunciada.


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A demagogia tem sentença anunciada.

A geração de portugueses adultos e em idade ativa, foi presenteada com um prémio, sem que nada tenha feito para o ganhar. Foram os nossos pais, avós e outros antes deles que lutaram por esse prémio; Liberdade e Democracia.
A responsabilidade desta geração é aplicar esse prémio, trabalhar para o desenvolvimento do Pais, garantindo um futuro melhor para as gerações vindouras.
Então Portugal é uma Nação livre e democrática, que em 40 anos soube amadurecer as conquistas de várias gerações? Não, não é. E esse caminho foi esbanjado até pelos que se intitulam protagonistas da revolução.

Dos tempos da denúncia e da perseguição, da tortura e do exílio, não sobram vestígios mas muitos dos que se intitulam democratas, substituíram o antes por sobranceria, mediocridade, compadrio, chantagem, ignorância e preconceito e acobertaram e praticaram roubos, desvios, incompetências que hipotecaram o futuro dos jovens, a segurança dos menos jovens, o desenvolvimento do estado social e agravaram as diferenças entre ricos e pobres. Como foi possível hipotecar o prémio Liberdade e Democracia e em 40 anos, mesmo sob uma Constituição da República apelidada de esquerda, assistirmos ao exercício da política de forma tão demagógica, incompetente e vergonhosamente corrupta?

Na política instalaram-se alguns mais espertos mas parcos de competência, sem escrúpulos ou sem valores. Estão no sistema como os “ocupas”, não contribuindo para o desenvolvimento da sociedade. Não fomentam valores essenciais para a democracia, como o respeito e a igualdade entre indivíduos e constituem cortes de séquitos que vão abanando afirmativamente e mecanicamente as suas cabeças garantindo uma aparência de regime democrático e apoio aos seus regimes.
A Lei é complexa e o Povo não exerce plenamente o seu direito. Já não participa massivamente nos processos eleitorais e não se apresenta escrutinador do poder que elegeu. Estará alheio? É desconhecedor? Será que estamos condenados ao ciclo voto, desilusão, abstenção ou voto de protesto?

É no poder mais próximo das populações, o autárquico, que reside a maior possibilidade de se criar um novo País. Em cada canto um pouco do melhor que Portugal tem. O que de melhor tem nos seus indivíduos, nas suas experiências, nas suas potencialidades, na sua história, nos seus costumes e tradição, mas sobretudo na sua resiliência e capacidade de se superar.
Ao invés, o que se observa no exercício do poder autárquico, é uma espécie de apropriação e manipulação, silenciando quem tem a postura nobre da proposta, da inovação. Aos que vêm de fora, presenteiam com discriminação fazendo-os sentirem-se, que mesmo residindo e participando com os seus impostos, não têm os mesmos verbos, direitos ou legitimidade. Este é o exercício do poder instalado em Alcochete.


Assistindo às Assembleias Municipais, onde a voz dos representantes eleitos pela população e dos próprios residentes deveria ter o seu maior valor, encontramos uma encenação da democracia, de forma patética e de conteúdo duvidoso; É como uma peça de teatro cujas páginas do guião adaptado de obra erudita, foram há muito decoradas mas nunca compreendidas, e como se não bastasse vão sendo rescritas com “vista curta e umbigo grande”, trocando os papéis aos atores de sempre, pouco competentes, pouco empenhados.

O Senhor Presidente da Assembleia Municipal dita regras dispares a cada ato e processo, acrescenta-lhes adjetivos, por vezes tece considerações de cariz sexistas sobre os elementos femininos eleitos, e presta esclarecimentos que não lhe competem. Ao seu papel cabe um personagem de total isenção, mas exerce o cargo de forma vergonhosamente tendenciosa e manipuladora, criando desconforto até nos deputados do seu próprio partido.
Quando tomou posse apelou ao convívio “profícuo e com elevação” mas o que pratica está longe de tais valores.

Na última Assembleia Municipal, para além da extensa ordem do dia, foram propostas e aceites para discussão, verdadeiras minudências e temáticas ultrapassadas que em nada acrescentam valor para os interesses da população de Alcochete; A par de assuntos tão importantes como as Grandes Opções do Plano para 2014 (Orçamento do Município) as Iniciativas Mais Relevantes, as tarifas das águas ou resíduos e ainda tantos outros assuntos que requerem e mereciam ser profundamente debatidos, foi gasto tempo precioso com votações de moções sobre Mandela (não retirando importância á figura internacional, mas este tipo de “efeméride” deveria ser deslocada para um evento próprio para o efeito) ou sobre a lei do horário de trabalho para os trabalhadores em funções públicas, já fiscalizada pelo Tribunal Constitucional e em vigor em todo o universo da administração pública.

A sessão terminou depois das 2.00 horas da madrugada do dia seguinte e foi pobre em teor e debate no que se refere aos assuntos da vida de Alcochete e rica em episódios e atropelos ao regimento.
As manobras de dispersão acautelaram que, a análise e debate de matérias mais complexas, ficasse reduzida a retóricas contra o “Governo da República”, umas vezes abençoando o Tribunal Constitucional outras não, como ia convindo, num processo de esquizofrenia politiqueira.

As verdadeiras questões ficaram por esclarecer: Como e porquê a Autoridade de Gestão do programa PORLisboa, convidou o executivo municipal a “desistir” (segundo afirmou o Sr. Presidente da CM) de projetos já aprovados? Porque é que a Câmara Municipal de Alcochete apresentou tantos projetos e só mostra capacidade para executar cerca de metade destes e ultrapassando prazos previstos, etc.
Quem conhece esta matéria sabe que o PORLisboa não convidou à desistência, como o Senhor Presidente da CM afirmou; O que é regulamentar é que a entidade que aprova estes projetos tenha notificado a CM Alcochete sobre se mantinha a intenção de dar continuidade aos mesmos, dado estarem ultrapassados os prazos contratados no financiamento a fundo perdido, sem notícia de obra iniciada pela CM, em metade dos projetos aprovados. Na gestão dos apoios há que observar, a todo o tempo, a utilidade de manter cativos fundos do programa e do Orçamento de Estado.

O Senhor Presidente também não teve um discurso sério e esclarecedor quando insinua que a responsabilidade desse pretenso “convite” (em vez de notificação regulamentar) foi da iniciativa de um dirigente nomeado pelo CDS-PP enquanto Governo, desprezando o articulado do regulamento e deixando no ar uma suspeita de força de bloqueio ao executivo municipal de Alcochete.
O discurso pouco concreto, recheado de considerações e suspeições políticas sobre a culpa do “poder central” ou a recorrente vitimização do executivo municipal, foram as retóricas gastas e sempre presentes em qualquer esclarecimento do executivo ou intervenção da CDU.
O Senhor Presidente da Câmara não faz um exercício de poder transparente onde, por exemplo, assuma no seu discurso, que a nova Lei das Finanças Locais não foi feita especificamente para o Município de Alcochete, como quer fazer entender. A nova Lei pretende, entre outras coisas, acautelar o endividamento dos municípios e assegurar a distribuição dos sacrifícios em todas as componentes da vida pública do País.

Também não esclarece que o Município aparece nos anais dos mais endividados num rácio per capita, porque gastou e sustentou mais do que o razoável. Que o teto para o endividamento municipal é para todos e que o endividamento dos municípios também é contabilizado no deficit. Que estas dívidas são uma fatia importante que colocaram Portugal sob assistência financeira.
O poder local tem que vestir a cor e a pele da sua gente, defendendo-a mas preparando-a para o futuro e não alimentado uma retórica destrutiva, enfadistada, de anti coesão nacional, preconceituosa e pouco facilitadora do conhecimento das matérias públicas.
É no poder local que deve dar-se início a uma nova era para os processos políticos que legitimará todas as reclamações junto do poder central e que contribuirá definitivamente para o desenvolvimento de um estado social.

A cultura de um povo só resiste se tiver como parceira a cidadania exercida por cada individuo guiado pelos valores da democracia.

Comissão Política Concelhia do CDS-PP Alcochete


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