Obrigatório PENSAR

Obrigatório PENSAR

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A abstenção e a ausência de participação cívica fazem o caminho para a penhora do futuro de um país.


Quantos portugueses saberão como é gerido o seu município ou a sua freguesia? Em que situação se encontram as contas da sua autarquia? Saberão ainda como podem participar, com a sua opinião, nas decisões que a todo o tempo devem ser tomadas?

A Constituição da República Portuguesa e restante legislação do direito público asseguram os direitos e deveres de todos, consolidando um dos sistemas democráticos mais bem estruturados na velha Europa. No entanto prova-se agora, que não basta uma boa Lei. È necessária a verdadeira participação dos cidadãos, considerando as suas diferenças, crenças, opiniões e aspirações. A democracia vive de participação e de pluralidade.

Analisando a situação atual, cremos estar perante debilidades muito sérias que estarão a colocar em risco a democracia. Uns dirão que, por culpa da troika, se vêm esmagados por decisões que violam a Constituição. Outros escolhem a iniquidade e corrupção para explicar o fosso em que vivemos. Contudo é imperioso analisar o que forçou esta pressão e até algum retrocesso na construção do projeto europeu, que sempre se quis solidário, centrado nos direitos humanos.

As desigualdades foram sempre a génese de todos os conflitos na Europa. Participar na construção do projeto europeu, corresponde a ambições de equilibrar as contas de cada Estado-Membro, de eliminar desigualdades e de promover a partilha de benefícios, tendo sempre como caminho a disciplina financeira paralelamente à vinda de apoios. O que aconteceu em Portugal foi o desgoverno, o endividamento e a má utilização dos apoios. Do poder autárquico ao central, damos conta, agora, de más decisões ou de gestão danosa. Não houve escrutínio ou fiscalização do sistema. Estivemos numa espécie de livre arbítrio.
Não menos importante, o generalizado convencimento da população, que o processo democrático entre fronteiras e a integração na Europa se podia limitar ao ato de voto, legando a poucos o futuro de todos. O futuro, como se vê, está penhorado.

Votar é o direito a participar escolhendo, mas essa escolha deve ser produto consciente e responsável do conhecimento da História da Nação, do processo democrático em curso e ainda mais importante, dos deveres e direitos que nos estão adstritos. Votar é como o início de participação do processo contínuo de funcionamento democrático das instituições. Ora nesta matéria, a formação lecionada nas nossas escolas não está a garantir nem o respeito pela Constituição Portuguesa, nem o devido esclarecimento e tão pouco a participação cívica, consciente e ativa, na vida do País.
A quem interessou o vazio de conteúdos políticos e de formação cívica dos programas escolares do ensino secundário?

Culpas à parte, é tempo da população adulta, tomar consciência que não basta aprovar a Lei de Limitação de Mandatos para assegurar o fim de clientelas e corrupções. Não basta aprovar uma Lei de Finanças Locais para assegurar que determinado executivo municipal faz uma boa gestão económica no seu município. Não basta verificar que determinado processo tem agendamento de consulta pública para ouvir a população. Deve-se garantir que os resultados dessa consulta têm interpretações corretas e aplicação em tempo útil e que as decisões não se resumem a medidas eleitoralistas.
O que afastou os Portugueses de participarem nos processos políticos e democráticos não foi a preguiça ou a desonra de tantos políticos. O que afastou um Povo dos processos de construção do seu próprio futuro foram esquemas de desinformação, de “pseudo representatividade”, de obliteração da massa crítica e manipulação criminosa do funcionamento das instituições.

Não podemos continuar a ignorar que quem tem poder, pode decidir mal. O voto, por si só, não nos garante a boa decisão. È a nossa opinião, a nossa participação que produzirá o bom resultado.
O regular funcionamento das instituições democráticas, desde as assembleias de freguesia, passando pelas assembleias municipais até à Assembleia da Repúblicas, deve a todo o tempo, ser escrutinado e fiscalizado pela população, quer através do seu voto quer na participação de todos os cidadãos em todos os processos de decisão.
Eleger, participar e fiscalizar, devem ser etapas num processo contínuo para o desenvolvimento equilibrado e democrático. São a garantia que não voltaremos a perder a soberania ou a penhorar o futuro.




Concelhia do CDS-PP Alcochete

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